sexta-feira, abril 15, 2005

Obrigado Inês, palavra!!

Ficou por falar
Como um olá, um adeus,
Ou um acenar,
Esquecido, mais por timidez
Do que mesquinhez
Palavras, tempo, coragem,
Não sei o que faltou,
E não sabendo o que procurava
Fui encontrando nesta minha (louca viagem),
Enquanto na minha frente
A imagem dos dois morros, irmãos, se formava.
As pálpebras aproximei
Espremi os neurónios,
Foquei a imagem
E algumas ideias formei
Na minha mente,
Respectivamente.

Tenho pena
De não ter a voz da Bethânia,
A poesia de Cazuza
Que usa e abusa
Da palavra, da maconha, da emoão,
E da mais pequena porcaria
Faz sempre uma grande canção.
Já imaginaram nossas aventuras e feitos
Cantados, e repetidos no refrão?
Da Grécia à Finlândia,
Do Algarve a São Pedro do Sul,
Os avós aos seus netos contarão.

Também poderia ser uma receita,
Nunca foi boa para decorar
As quantidades e os ingredientes,
Mas desta sei tudo e como fazer,
E farei com prazer.
Não entenderam até aqui?
Famos começar de novo?
Eu sou a Inês
E como eu tem mais três,
Mais dois Brunos, dois Zés,
Um Jorge e um Ricardo.
Sim, tem mais
Mas não é difícil fardo,
São elas Mónica, Sara, Carol
Mais a Ana, Susana, Susete
Para terminar o rol.

Livro?
É, podia ser...
Basta sentar, recordar, reviver...
E escrever.
E olhem que se aprendem coisas inéditas!
Que temos maxilar médio,
Que o nosso esófago é bem pequeno,
Os efeitos de comer um waffle em Amsterdão,
E não se ficam por isso não!
Tem política também.
Há comunistas, capitalistas,
Vermelho, laranja.
E como sabem bem
Aquelas deliciosas discussões,
Conversas interessantíssimas,
Para os mais cultos,
Saborosas diversões.
Tudo é tema, tudo é assunto,
Discutidos por pessoas importantíssimas.
Poemas, literatura, pintura...
Que fartura!

Pensei em descrever os sintomas,
Chegar a um médico e dizer,
"Não sei o que fazer
Sinto uma coisa inexplicável,
Localiza-se na região pré-cordial,
Irradia para baixo e para fora",
E acrescentava num tom profissional,
"Acompanha-se de taquicárda
E aumento de pressão"
Mas ficava patético ouvir do doutor
"Se não sente dor
Não há porque ter pavor,
Diagnóstico: paixão
Localiza-se num órgão a que chamamos coração.
Bioquimicamente
Há um aumento da serotonina e adrenalina,
Diminuição da dopamina...
"Não! Pede a minha mente,
Desesperada mente.

Uma homenagem
Seria bem merecida,
Um dedicatória, um discurso
Ou alguma coisa assim parecida.
Mas é um simples declaração de amor.
Entrego-vos, então, a minha alma
Estendida na palma
Da minha mão,
E por favor,
Cuidem do meu coração.

2 comentários:

Anónimo disse...

(Suspendo o gesto por uns instantes... mas não resisto a "comentar-te". E aqui fica a minha pegada, marca de passagem pelas tuas "intimidades".)

Surpreendo-me com as tuas palavras. Apareces-me com uma nova cara... e,subitamente, com mil caras.
Dou-me, então, conta do quanto te desconheço.
Reduzi-te à imagem, quando sei que é no seu negativo que se encontra a alma.

Deixo-me invadir agora pela curiosidade.
Deixo-me apaixonar pela tua escrita.
Deixo-me levar ao som da música que tens no teu olhar.

Talvez um dia, quem sabe, possamos trocar poesias em pautas de paz.

@ndrei@zul disse...

se esta é a Inês que sei que é.. está realmente lindíssimo mas acho que menos não se poderia esperar dela.. e foi bom reconhecer o "da Grécia à Finlândia" ou os "efeitos de comer um waffle em Amesterdão" e ao mesmo tempo pensar que estou aqui de novo e que já tantas coisas nos separaram e uniram! baci, pinny