domingo, dezembro 04, 2005

O regresso do Advento

Olá amigos!
Já lá vão uns tempitos desde o último post...mas, agora que estamos no Advento, a esperança e a alegria que me invadem levou-me a retomar estas escritas. E recomeço com este poema belíssimo, agradecendo à Estrelinha Mor pela partilha.
Beijinhos e abraços para todos os meus amigos e para os que gostam menos de mim...Obrigado pela vossa presença na minha vida.
Que o Menino seja a nossa inspiração para amar melhor.


Por favor…Toca-me

Se sou teu bebé
Toca-me
Necessito tanto que me toques
Não te limites a lavar-me
A mudar-me as fraldas e a alimentar-me
Aproxima-me perto do teu corpo, dá-me um beijo na minha cara pequenina
E acaricia o meu corpo franzino
A tua ternura é doce e segreda-me amor e segurança

Se sou te filho
Toca-me
Mesmo que te queira resistir e negar-te
E persiste, encontra a melhor maneira de satisfazer as minhas necessidades
O abraço que me dás à noite adoça os meus sonhos
As formas em que me tocas durante o dia dizem-me como sentes

Se sou te adolescente
Toca-me
Não penses que sou quase adulto
Não necessito de saber que me cuidas
Necessito dos teus braços carinhosos e da tua voz cheia de ternura.
Quando o caminho se torna duro, a criança que há em mim precisa-te

Se sou teu amigo
Toca-me
Não há nada que comunique melhor a tua ternura que um abraço terno
Um gesto de ternura quando estou deprimido, diz-me que gostas de mim
E mostra-me que não estou sozinho

Se sou tua mulher
Toca-me
Poderias pensar que basta a paixão
Mas só os teus braços recusam os meus medos
Necessito do toque da tua ternura que me dá Fé
E me lembra que sou amada porque sou como sou

Se sou teu filho adulto
Toca-me
Apesar de ter a minha própria família para tocar
Ainda necessito que me abracem Pai e Mãe especialmente quando me sinto triste
E como Pai que hoje sou, vejo tudo de uma maneira diferente e clara
E valorizo-vos mais ainda

Se sou tua velha Mãe
Toca-me
Como me acariciavam quando era pequena
Segura na minha mão, senta-te perto de mim, dá-me a tua força
E aquece o meu corpo cansado
A minha pele está enrugada, mas parece rejuvenescer quando é acariciada

Não tenhas medo… Toca-me, sem mais.

(Davis, Phillis K.)


quinta-feira, julho 07, 2005

O sentido

"O sentido da vida consiste em que não tem nenhum sentido dizer que a vida não tem sentido."
Niels Bohr

Sempre que penso que a vida não tem sentido, vou ler esta frase e penso: será que é a vida que não tem sentido, ou sou eu que não tenho sentido prá minha vida?
É tremendamente egoísta pensar que toda a Vida não tem sentido, só porque eu não o sinto. E logo nesse instante, apercebo-me da minha pequenez, da minha miséria, do quanto preciso que Deus encha o meu dia e o meu coração. Às vezes, inadvertidamente, deixamos que o Eu ocupe o centro das nossas vidas, e então esgotamo-nos nos própios limites que temos, não conseguindo abrir o coração à beleza infinita que nos rodeia.
Obrigado Humildade, por seres a primeira e eu o segundo...
Obrigado Paciência, por esperares,incansável, pelo nosso melhor...
Obrigado Alegria, pela paz que rejuvenesce o nosso esgotar infindável...
Obrigado Felicidade, pelo sentido que dás à minha vida!

Dabar

segunda-feira, junho 27, 2005

A Pedra

O distraído tropeça nela.
O bruto usa-a como projéctil.
O empreendedor, usando-a, constrói.
O camponês, cansado do trabalho, faz dela assento.
Para as crianças, é brinquedo.
Para os poetas, é inspiração.
Com ela, David matou Golias.
E o artista concebe a mais bela escultura...
E em todos esses casos, a diferença não está na pedra,
mas no homem...
Em nós!...

quarta-feira, maio 25, 2005

Prisão

No meio das correntes a que me prendo
há uma ténue esperança de liberdade;
há um desejo de rasgar o pensamento
e apreciar vorazmente o momento.

Há uma identidade que desvanece
e uma fonte inesgotável de sentimentos abafados.
O sonho de encontrar perde-se no caos total!
Que vontade de ser encontrado por esse alguém ideal...

Porque me prendo eu?
Polícia e prosioneiro, sou réu e juíz.
Faço o crime, flagelo-me, condeno-me, amarro-me, mato-me aos poucos.
Alimento a culpa que come da minha loucura...
Será o amor assim tão forte? Maior ainda que a ingenuidade que o sustenta?

Mas...
Não há razões para deixar de sonhar...
Porque a vida é maior que a morte.

Misty

Vem, ó névoa húmida e quente
e abraça-me com carinho
Afaga-me o cabelo e beija-me,
suavemente...

Deixa-me perder dentro de ti,
e não mais me encontrar...
ser teu, só teu.

Vem, ou vai, de uma vez por todas!
Não me definhes lentamente,
não me enlouqueças em suplício...

Noite de Verão

O céu estrelado faz sempre lembrar-me de ti...
Quando um clarão de luz rasga o firmamento, delicia-me ver todo aquele brilho e encanto!
E acredito que é um beijo teu directo ao meu coração.

terça-feira, maio 17, 2005

Brandoa - esse lugar mítico!

Olá amigos bloggers!
Agora que Almodôvar ficou para trás, ficam as saudades de duas semanas muito revigorantes...agora é tempo de reentrar no ritmo alucinante da cidade. Desta vez, estou no Centro de Saúde da Venda Nova, mais propriamente na extensão da Brandoa, que fica em Alfornelos!!!!! :) Que confusão!!
Está a ser muito bom, acho que já vi mais doentes em dois dias do que nas passadas duas semanas! Adoro o meu tutor de estágio, é impressionante! Estou a esforçar-me pra tornar esta oportunidade muito positiva.
Bem, deixo-vos com um poema lindo de alguém que não conheço, mas que realmente me tocou.
Fica a homenagem à alma bonita que deixou escorrer estas palavras.
Um abraço a todos,
Dabar


Nem sempre acreditamos em nós próprios e, por isso, falhamos…
Nem sempre temos a coragem para enfrentar o momento e, por isso, choramos…
Nem sempre nos sentimos disponíveis e, por isso, erramos…
Nem sempre sabemos sorrir e, por isso, sofremos…

A felicidade é sempre uma incógnita e, se adivinhássemos o futuro, o presente não faria sentido e a busca incansável dessa felicidade tornar-se-ia efémera…

Para tudo, há que saber esperar com esperança!
Para tudo, há que ter Fé naquilo que somos e naquilo que queremos ser…
Só assim conseguiremos provar o nosso talento,
Mesmo que nem sempre nos deixem mostrar o nosso valor…

Se a felicidade é uma construção,
Então deverá ser edificada dia após dia, sem pressas…
Os seus alicerces devem ser estruturados com dúvidas mas também com grandes certezas…

E a minha maior certeza é que, se estou viva, tenho que o demonstrar, para que, um dia, alguém se lembre de mim como um ser que soube sorrir pela graça da vida e chorar lágrimas doces pelas penas sofridas…

Nem sempre sabemos o que escrever e, por isso paramos…
Nem sempre sabemos o que dizer e, por isso, calamos…
Nem sempre posso estar ao teu lado e, por isso, desculpa…

Contudo, fica com a certeza de que, se a felicidade for mesmo uma construção, precisarei de ti para continuar a edificar a casa dos meus sonhos…


Por estares aí, obrigada…

A. R. C.

quinta-feira, maio 12, 2005

O Nosso Tempo...

Há um tempo de plantar
Um tempo de renascer
Um tempo para crescer
E um tempo para colher
Um tempo para dormir o tempo de despertar
Tudo tem o seu momento
E hoje se te oferece um tempo:
Um tempo para estrear...
Um tempo para estrear o coração
Que é o mesmo que estrear
Os motivos, a ilusão
A vida por entregar
A força da oração
E a coragem de actuar
As antenas do amor para ver para escutar
Tempo de estrear os passos
De intuir e de buscar
Novos caminhos, aqueles
Que mais podem aproximar
Ao irmão mais pequeno
Ao diferente, ao igual
Ao mundo que necessita
Fermento, Luz e Sal
Tudo tem o seu momento...
E cada coisa o seu tempo...
E o tempo que hoje se te dá
É o momento oportuno
Que não é para "continuar"
Com o vinho em odres velhos
Nem de voltar a "começar"
Com a terra do caminho que se nos pegou ao andar

É o tempo de Deus, o teu tempo
Um tempo para estrear...

(Odília Madail),
Ou alguém ainda mais especial...

terça-feira, maio 10, 2005

Diários de Almodôvar

Boa tarde amigos bloggers...
De regresso a estas lides, depois de um fim de semana FANTÁSTICO em terras de Pires da Silva...conhecem? fica ali prós lados de Albufeira...reparem bem, se o Reino de Deus não somos nós que o fazemos aqui mesmo na Terra: o cenário estava criado...uma casa bonita com uma piscina refrescante, uma churrascada suculenta, acompanhada dos habituais pratos vegetarianos prós nossos alfacinhas, e os amigos todos reunidos!! Os mergulhos, os jogos de polo aquatico, as musicas, os risos e a descontracção foram os ingredientes para um Domingo de luxo. Claro está, depois de um Sábado animadissímo, com o jantar de anos da querida Patinha em Vilamoura, o casino, onde nos esperava a nossa querida embaixadora de Macau, Claudia Ho, o bar do Figo, onde se ouve música moderna, como aquela: "Eu sei, eu sei, és a linda portuguesa com quem quero casar...", e o final da noite na Kapitulo Disco (so pros mais resistentes, pq os outros (re)capitularam logo na cama...)
Bem, entretanto, em Almodôvar, a Susete ia sendo assassinada por um caixote do lixo com uma perturbação borderline da personalidade, mas eu dei-lhe logo um cheirinho de Haldol...(só pros malucos, né Bruno?)
Bem, as canoas do rio Guadiana esperam-nos agora...sim, aqui em Mértola, a vida é outra!!
Beijinhos e abraços,
Bruno e Susete

quinta-feira, maio 05, 2005

Diários de Almodôvar

Quarto dia: finalmente trabalho!
Bem, após cinco horas de sono, após a tempestade sempre vem a bonança...nós sempre soubémos que, se a montanha não vai a Maomé, lá tem de ir o desgraçado até à montanha, isto é, ao monte Alentejano! Fomos até Gomes Aires, que é uma terra que até podia ser um bom prato de bacalhau!!
E lá o que encontrámos, perguntam vocês? Uma junta de freguesia transformada em centro de saúde, com retrato de metro quadrado do nosso querido Presidente da República, nos seus anos de marialva... De facto, Maria Inês, os holandeses são muito simpáticos, e a manhã com a dra. Maria Boormans foi muito produtiva (ah, e o irmão dela mora em Nai...essa terra inefável!) De registo, a nossa saída apoteótica com direito a galhardetes e ovinhos caseiros...portanto, logicamente que o nosso almoço foi bifinhos de perú com ovo a cavalo, e sobras de Serpa...nhami!
Agora, bem, agora... só pra meter inveja... praia de Albufeira nos aguarda!
xauuuuuuuuuuu...
beijinhos e abraços
Bruno e Susete

Diários de Almodôvar

Terceiro dia: a beleza alentejana!
Olá amigos! De volta às nossas histórias, com um dia de atraso, pelo que pedimos desculpas às dezenas de entusiastas assíduos que se manifestaram pela ausência de ontem (quem quer que sejam ou onde quer que estejam, são vocês que nos impulsionam e motivam!!!...)
Depois de um amanhecer sonolento, devido à noitada na Ovibeja - que faz bem e se recomenda - lá estivémos nós no Centro de Saúde. E como há saúde nesta terra... tanta, que até nos faltam os doentes...estivemos de SAP (urgência) a fazer aquilo que neste momento é realmente urgente: o trabalho sobre Prescrição Racional de Antibióticos!! O almoço foi caseirinho, aproveitando as sobras do dia anterior (este casalinho de namorados virtuais é muito poupadinho!). À tarde consultámos uma doente com "espondilite nas unhas", o que nos matou os neurónios pela extrema raridade que é!!
Depois deste desgaste psicológico, pegámos nas trouxas e montámos em 100 cavalos franceses(que barulheira) rumo a Mértola, essa pérola à beira rio Guadiana. Encontrámos por lá duas doutoras perdidas, Inês e Companhia, a quem demos boleia até ao Clube Náutico. Recomendamos visita guiada plo ginásio (a Inês Maria tem passes exclusivos, com acesso aos balneários, e muito mais...). Lanchámos com o Tony Carreira no SS (atenção, não confundir com essa mítica polícia alemã), e depois, bem, depois...Centro de Saúde de Mértola, esse paraíso de Babes!!!
Os cavalos estavam cansados, e tivémos de trocar por 100 cavalos alemães, que se portaram lindamente até Serpa, terra do bom queijo e do bom vinho! Fomos recebidos no palácio da Susana e Filipa, que nos brindaram com um sumptuoso jantar: Obrigado meninas! Os tremoços estavam divinais!
A seguir, passeio nocturno de reconhecimento pela espectacular vila, terminando a noite no Fuel, que nos deu combustível pró regresso...
Agora temos mesmo de ir embora, porque temos de organizar as mesas pró baile de finalistas ...
Beijinhos e abraços
Bruno e Susete

terça-feira, maio 03, 2005

Diários de Almodôvar

Segundo dia: A adaptação ao ritmo alucinante
Este dia começou em passo de corrida até a barragem, mas só para alguém, porque outros houve que dormitaram mais um bocadinho isto porque o sono estava corrido, agora imaginem quem e o quê. Pequeno-almoço, senhora que vem fazer as camas, mais um passeio pelas ruas e ala que se faz tarde. Mas Deus tinha uma surpresa para nós, e ainda tivemos tempo pra uma missinha rápida...depois, às 9h30, lá estávamos prontos prá confusão: enfartes, atropelamentos, pneumonias, enfim, o costume! Pelas 12h30, vimos o primeiro doente: uma criança com uma dor na perna!! Bem, que vida complicada aqui...a médica holandesa até nos emprestou um portátil pra fazermos o trabalho. só nos faltam os doentes! vamos ter que os imaginar...
seguiu-se o almoço caseiro, very typical: fusili com um molho de tomate, cebola, cogumelos, ervilhas e fiambre...made with love!
À tarde... q loucura! 6 doentes, c aquelas doenças dificeis e esquisitas...hta, diabetes, etc!
Agora as cusquices: voces nem sabem, mas isto aqui é do piorio: as pessoas andam a vigiar-nos, e até nos dizem "Ah, sim, já vos tinha visto por aí, a comprar pão!!". Tivémos uma conversa agradável com uma funcionária (assim pro ansiosa) que disse: "Ó menina, passa-se isto assim..." enquanto despejava a sua vida toda e batia teimosmente as mãos... a Susete teve (mais) um encontro (i)mediático, desta x com o Vastarel LM (recomenda-se), embalagem de 30 cp e olhos verdes...
Finalmente, só pra saberem que eu e a Susete somos namorados virtuais, como disse a dra. Maria: "Vocês são namorados? Era só pra saber..." pois pois...
Ovibeja, aqui vamos nós agora...
beijinhos e abraços...
Bruno e Susete

segunda-feira, maio 02, 2005

Diários de Almodôvar

Primeiro dia: a descoberta
O dia começou ao sabor de tostas e leite quente para avivar o espírito de aventura. Já iniciada a viagem, em pleno cruzamento das Forças Armadas, um encontro de 1º grau: Filipa e Susana a conduzirem e a falarem ao telemóvel, uma actividade ilicita nas estradas portuguesas, naquela que foi uma experiência de telepatia, porque Bruno e Susete estavam no outro semáforo do cruzamento, aos berros, a acenar agitadamente, para serem notados uma vez que eram com eles que elas conversavam. Chegados ao centro de saúde, após uma viagem fulminante no nosso rodinhas fulminante e com direito a um magnífico bolo de laranja feito por mamãe, tivemos (quase) honras de presidente (é claro de junta)!!!!!!!!!!! Aliás, nós é que lhe dissemos para não abandonar a sua importantíssima reunião por visitantes tão insignes. Sim, porque um presidente de junta pode muito bem receber dois alunos de medicina, em detrimento de assuntos como as reformas agrícolas, pensões, água.... Após um breve reconhecimento do território fomos almoçar e demos novo passeio pela barragem (que nem vê-la) e tomámos um café na esplanada que (por acaso) estava fechada. Acomodaram-nos num palacete (em construção)! , com direito a dois apartamentos com cozinhas integradas (hum...que cheirinho a refogados!!), e ainda melhor, cada um com a sua televisão: agora é que o Bruno pode ver a sua novelinha (Olhos d'água), e a Susete pode ver o seu joguinho de futebol (há grandes derbys alentejanos a passar num canal codificado!). Temos também barulho de retroscavadoras 24h por dia e homens das obras (esses intelectuais) a olharem prá Susete e a pensar: "Era no teu chaparro que eu encostava a minha cabecinha!"

Enfim, um dia produtivo, que grande "cansêra"... terminámos em grande com a Adriana, Calcanhoto prós amigos, cantando o "Eu sem Você", a comer um pão delicioso ainda quentinho...
Amanhã há novas aventuras... isto se o ritmo permitir! Sim, porque isto por aqui é só caracóis a correr a grande velocidade!!
Abreijos, Bruno e Susete.

sábado, abril 30, 2005

O Que Foi Não Volta a Ser

Eu trago um buraco no futuro
traz presentes fugidios
e memorias de navios.
Traz tanta confiança
que se é sempre criança
mesmo quando nao se quer,
o que foi nao volta a ser

E o que foi nao volta a ser
mesmo que muito se queira
e querer muito é poder,
e o que foi nao volta a ser.

Pode vir algo melhor
embora sempre pareça
que o pior esta por vir.
Nunca se deve esquecer
que nao há volta sem partir
e o que foi nao volta ser.

E o que foi nao volta ser
mesmo que muito se queira
e querer muito é poder,
e o que foi nao volta a ser.

Xutos e Pontapés

Esta é uma música que me diz muito.
Agradeço a esta banda inesquecível por esta e tantas outras composições de qualidade que marcam a vida de tantos homens...

sexta-feira, abril 29, 2005

DÁ-ME ALGUÉM PARA AMAR

Senhor, quando eu tiver fome, dá-me alguém que necessite de comida;
Quando eu tiver sede, dá-me alguém que precise de água;
Quando eu tiver frio, dá-me alguém que necessite de calor.
Quando eu tiver um aborrecimento, dá-me alguém que necessite de consolo;

Quando minha cruz parecer pesada, dá-me a compartilhar a cruz do outro;
Quando eu me achar pobre, põe a meu lado alguém necessitado.
Quando eu não tiver tempo, dá-me alguém que precise de alguns dos meus minutos;

Quando eu sofrer humilhação dá-me ocasião para elogiar alguém;
Quando eu estiver desanimado, dá-me alguém para lhe dar novo ânimo.
Quando eu sentir necessidade da compreensão dos outros, dá-me alguém que necessite da minha;

Quando eu sentir necessidade de que cuidem de mim, dá-me alguém que eu tenha de atender;
Quando eu pensar só em mim mesmo, volta minha atenção para outra pessoa.
Torna-nos dignos, Senhor, de servir nossos irmãos

que vivem e morrem pobres e com fome no mundo de hoje!
Dá-lhes através de nossas mãos, o pão de cada dia,

e dá-lhes, graças ao nosso amor compassivo, a Paz e a Alegria!

(Madre Teresa de Calcutá)

Esta é uma das orações que mais rezo, é das mais belas que conheço. Reflecte exactamente o sentido que procuro dar à minha breve existência...dar a vida, em cada palavra, gesto e situação. Uma vida que não vem de mim, mas que me pertence, e que me é dada gratuitamente para gastar.
Sinto-me às vezes como uma ampulheta...não é angustiante quando jogamos aqueles jogos em que temos um tempo determinado pela ampulheta para completar a prova, e não conseguimos chegar à solução, à resposta certa, à verdade?!...nunca sabemos exactamente qual o tempo que a ampulheta guarda, mas vê-lo escorrer nos nossos dedos é exasperante...
Como escorre o nosso tempo? Será que ainda estamos longe da verdade que nos faz sentido? Será que ainda não nos conhecemos o suficiente para saber qual a nossa essência e plenitude?
Se não as conhecemos, se não nos conhecemos, nunca saberemos o que é para nós ser felizes. E aí viveremos eternamente à procura da felicidade...quando ela está aqui. O Reino é uma promessa que se concretiza em cada dia, e por isso eternamente, e não somente na eternidade!
E para mim, tal como diz o Salmo 73, a felicidade é estar perto de Deus.
Um abraço aos meus amigos bloggers,
Dabar.

quinta-feira, abril 28, 2005

Qual o segredo da vida?

O segredo é amar.
Amar a vida com tudo o que há de bom e mau em nós.
Ouvir a hora breve e apetecida,
Ouvir todos os sons em cada voz, e ver todos os céus em cada olhar.

Amar por mil razões e sem razão.
Amar só por amar, com os nervos, o sangue, o coração.
Viver em cada instante a eternidade,
E ver, na própria sombra, claridade.

O segredo é amar, mas amar com prazer,
Sem limites, fronteiras, horizontes.
Beber em cada fonte,
Florir em cada flor,
Nascer em cada ninho,
Sorver a terra inteira como um vinho.

Amar o ramo em flor que há-de nascer
de cada obscura, tímida raiz.
Amar em cada pedra, em cada ser,
S. Francisco de Assis.

Amar o tronco, a folha verde,
amar cada alegria, cada mágoa,
Pois um beijo de amor jamais se perde
E cedo refloresce em pão, em água!

Fernanda de Castro

(dedicado a quem bem o procura fazer, e dá a sua vida por isso)

O Velho Sabiá

Guarda o íntimo do coração.
Não o exponhas ao julgamento insensível.
Não te deixes trespassar pelo olhar que não vê.

Não derrames o teu íntimo.
Enxuga o rosto, enfeita-o
com a tua simplicidade e bondade.
A inocência é um dom.

Vive o que vale a pena.
Com sentido.
Mas nem sempre consintas o que sentes.

Procura dentro de ti.
Descobre-o à tua volta.
Ama com liberdade.

Boa noite, Abba...

Senhor, na imensidão da Tua presença
Um silêncio envolve minh’alma desanimada
A pobre segue em vão, desnorteada
A busca estéril da sua existência.

No íntimo de cada ser há uma procura de verdade
A vida não faz sentido sem uma identidade
E a voz que me fala baixinho faz-me acreditar
Que há um Deus em mim, que me ama sem cessar

Mas há momentos em que a duvida me assola
Há alturas em que nada me consola
E então preciso que me dês um sinal, não importa qual
Desculpa Pai, por ser tão difícil uma entrega total.

quarta-feira, abril 27, 2005

Unidos em Ti

Olhei à volta e vi a revolta no rosto do Homem só
A vida vazia, a alma à deriva, à procura… (de quê?)
E o coração em solidão bate sem esperança,
E o olhar sem futuro implora alegria
É preciso mudar, acreditar que Tu dás sentido ao que quero viver

Vem irmão, estende a tua mão,
Vem construir a igreja viva de Cristo!
Liberta as amarras e abre o coração,
Porque a vida é tão mais bela em união...
Unidos a ti, (Pallotti)
Unidos em Ti.

Marca a diferença, semeia o perdão e impõe a razão do amor
A união faz a força pra construir um Homem melhor
É urgente amar, sem medos nem condições,
Porque a vida que se entrega gera vida.
É urgente amar!

Em memória da Turminha (os cinco!!), de uma noite bem passada, e das coisas que realmente fazem sentido...
Aqui reside tudo
E todos
Germinam as raízes todas
Aqui está cada um dos braços e dos rostos
Dum só corpo que anda sobre o vento
(...)
No tempo de memórias tristes
Aqui estamos e estaremos
Porque somos
Mais do que pó e húmus
Unida essência dum jardim de vida
Morremos várias vezes no percurso
Mas seremos sempre
Capazes de chegarà vida

Porque somos todos, somos um

por Fernando Costa Andrade

Deus em nós e em Tudo!
A Vida que vence a Morte!
O Amor que vence o próprio Homem!

Que me quereis, perpétuas saudades?

Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança inda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades.

Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que passais,
Nem todos pera um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.

Aquilo a que já quis é tão mudado,
Que quase é outra cousa, porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.

Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.

Luí s de Camões
Ditoso seja aquele que somente

Ditoso seja aquele que somente
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder nalgum tempo ser contente.

Ditoso seja quem, estando absente,
Não sente mais que a pena das lembranças,
Porque, inda mais que se tema de mudanças,
Menos se teme a dor quando se sente.

Ditoso seja, enfim, qualquer estado,
Onde enganos, desprezos e isenção
Trazem o coração atormentado.

Mas triste de quem se sente magoado
De erros em que não pode haver perdão,
Sem ficar na alma a mágoa do pecado.

Luís de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões

Que nós ouçamos sempre a voz da mudança que Deus grita em nós...

segunda-feira, abril 25, 2005

Desalento



Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim
Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar
Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos
por Vinicius de Moraes

À beira-mar...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


por Florbela Espanca,

Em memória das palavras que não morrem no coração.
Em memória dos sentimentos que ridicularizam a razão.
Em memória dos dias em que o tempo é um mero espectador
Do amor que controla o ritmo da vida.

Em tua memória...

Repouso...

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

por Fernando Pessoa

Apaixono-me...

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Amor

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Será que alguem alguma vez melhor descreveu o indescritível?!...

sábado, abril 23, 2005

A estrela que deixou de brilhar

Sem eu ter sido o que fui
Nunca tu serias o que és
Eu não digo nem ai nem ui
Ando no mundo aos pontapés

A dor é grande é imensa
Que é preferível não falar
Hei-de ter a recompensa
Quando de ti me afastar

Eu sou o que à vista não se vê
Não devo nada a ninguém
Sou aquilo em que se crê
E se acredita também

O silêncio participa
Mais do que possas supor
Nem por sombras antecipa
O estar calado com dor

Cai a chuva no Outono
Cai no Inverno a geada
Meus sonhos ao abandono
De ti não espero mais nada.

Quem és?...

Sou como um puzzle,
Com mil pedaços encaixados e outros
Tantos por encaixar.
Uns fazem sentido, não mexo mais;
Outros nem por isso. São peças paralelas
Que vou escolhendo ao longo da vida,
Mas sem a certeza da sua perfeição geométrica.
E quando me sinto apertado,
Desencaixo-me novamente, baralho tudo de novo.
Porque um puzzle não se acomoda nem se conforma.
E remodela-se constantemente, nas mãos de quem o vive e constrói.
E dia após dia completa-se a imagem do puzzle,
Conta-se a minha história,
Perfaz-se quem eu sou…

Qualquer caminho leva a toda a parte

Qualquer caminho leva a toda a parte.
Qualquer ponto é o centro do infinito.
E por isso, qualquer que seja a arte de ir ou ficar,
do nosso corpo ou espírito,
tudo é estático e morto.
Só a ilusão tem passado e futuro, e nela erramos.
Não há estrada senão na sensação
É só através de nós que caminhamos.
Tenhamos pra nós mesmos a verdade
de aceitar a ilusão como real
sem dar crédito à sua realidade.
E, eternos viajantes, sem ideal salvo nunca parar, dentro de nós,
consigamos a viagem sempre nada, outros eternamente, e sempre sós;
nossa própria viagem é viajante e estrada.
Que importa que a verdade da nossa alma seja ainda mentira,
e nada seja a sensação, e essa certeza calma de nada haver,
em nós ou fora, seja inutilmente a nossa consciência?
Faça-se a absurda viagem sem razão.
Porque a única verdade é a consciência e a consciência é ainda uma ilusão.
E se há nisto um segredo e uma verdade
os deuses ou destinos que a demonstrem do outro lado da realidade, ou nunca a mostrem,
se nada há que mostrem.
O caminho é de âmbito maior que a aparência visível do que está fora,
excede de todos nós o exterior não pára como as coisas, nem tem hora.
Ciência? Consciência? Pó que a estrada deixa
e é a própria estrada, sem a estrada ser.
É absurda a oração, absurda a queixa.
Resignar (-se) é tão falso como ter.
Coexistir? Com quem, se estamos sós?
Quem sabe? Sabe [... (que são?
Quantos cabemos dentro em nós?
Ir é ser. Não parar é ter razão.

Tensão

Eu sinto que não,
Talvez sim, e então?...
Talvez não, e enfim!
O porquê desta razão:
O acabar neste fim…
E tu, que sentes por mim?

A solidão...ou somente o diálogo entre Deus e o Homem! Posted by Hello

Carolina, o meu amor de 9 meses... Posted by Hello

Prisão

Se eu pudesse sentir de outra forma
E amar o que de bom há para amar;
Ver um novo céu, outro horizonte
E ser livre de amarras, como o mar.

Se eu pudesse negar o que sinto
E friamente vendar meu coração;
Calar o pensamento que ecoa
E escrever um novo futuro na palma da mão.

Se eu pudesse adormecer lentamente
E cair num sono profundo;
Sonhar outro rosto, sem passado
E alterar toda a vida num segundo.

Se eu pudesse criar um refúgio
E isolar-me de todo o sentimento;
Enterrar este espírito moribundo
E deixar-me levar pelas asas do tempo…

Ai, se eu pudesse fugir de ti
E apagar tudo o que és para mim;
Seria um cativo, desertor sem perdão
Mas em paz viveria, por fim!...

quarta-feira, abril 20, 2005

Mendigando…

Mendigo o perdão de quem magoo
Mendigo a amizade de quem me cativa
Mendigo a alegria de quem me rodeia
Mendigo a esperança em dias cinzentos
Mendigo a compreensão, porque não tolero
Mendigo uma voz amiga, porque estou só
Mendigo um sorriso especial, sentido e próximo, para me sentir querido
Mendigo um abraço, porque perco a força demasiadas vezes
Mendigo um telefonema, porque não tenho a confiança para dar o primeiro passo
Mendigo uma boa conversa, porque nunca tenho tempo para os outros
Mendigo uma canção, porque abro o coração à saudade e tristeza de vez em quando
Mendigo uma carícia, porque tenho fome de ternura e carinho
Mendigo uma gargalhada, porque já não sei abrir-me ao mundo
Mendigo um rumo, porque ando às voltas com o meu ego
Mendigo a paz de espírito, porque o meu egoísmo não pára de me inquietar
Mendigo um espelho, porque já não consigo olhar-me de frente
Mendigo tempo, porque não consigo ouvir-me
Mendigo coragem, porque tenho tanto medo de mudar
Mendigo confiança, porque desvalorizo tanto o pedaço de Deus que sou
Mendigo soluções, pois só crio problemas
Mendigo o teu amor, pois só ele me transforma, me completa, me compreende e aceita, me perdoa e encoraja
Mendigo que me ames, pois preciso de me partilhar, de dividir a cruz que carrego, de crescer um pouco mais, de construir um reino de amor e justiça
Preciso que envelheças comigo, e me faças acreditar que, apesar de cansado e sofrido, velho e mendigo, sou um tesouro de Deus.


Felizes os pobres e humildes de coração, felizes os que choram por sede de amor e justiça, porque deles é o Reino de Deus. (Mt 5)

Páscoa

Não acreditamos naquilo em que duvidamos, nas coisas que não se conseguem provar à luz da ciência. Por outro lado, só se consegue amar algo que se conhece intima e profundamente! É por isto tão difícil acreditar na ressurreição de Jesus, porque é impossível explicá-la. E ao mesmo tempo, como amar profundamente, como entregar a nossa vida a algo que não conhecemos, que não conseguimos explicar, e que temos tanta dificuldade em aceitar e amar? Felizmente, Deus não nos deixa nas trevas, sem resposta. Para isso, dá-nos a capacidade de ultrapassar a nossa incredulidade, através da fé.
Deus, que ao longo da história da humanidade, se revelou aos povos através de sinais mais ou menos visíveis e compreensíveis, teve de descer da sua condição de Divino para se tornar Homem, e poder ser compreendido e amado por todos, ao mesmo tempo que experimentou a condição humana, temporal, finita e dolorosa. Este Deus ama-nos ao ponto de se tornar homem, que sofre, que ama, que luta e que morre. Um Deus que ama os homens! Um Deus que salva os homens, ao mostrar-lhes que o Homem é a sua criação e o seu fim. Um Deus que morre por amor, para mostrar que o amor é o essencial, que o amor é a própria manifestação de Deus no Homem.
Jesus conferiu ao Homem o poder de ser Divino, porque não só concretizou definitivamente a aproximação de Deus ao Homem, quebrando o mito do “Deus poderoso, inacessível e castigador”, mas sobretudo porque elevou o Homem a Deus, através da ressurreição. Pela sua humildade, generosidade, perdão e capacidade de amar, Jesus mostrou como o Divino se manifesta no Homem, e como cada um de nós pode continuar a fazer o mesmo em Sua memória.
Jesus mostrou-nos que o Homem pode ressuscitar.
Então, como é que nós ressuscitamos nas nossas vidas?
Como enfrentamos as mortes constantes que vivemos?
A morte do poder, da riqueza, da inveja?
A morte da solidão, do desprezo, da violência?
A morte do egoísmo, da falta de paciência, da preguiça?
A morte da falta de amor?
Morte é tudo isto que nos impede de viver em abundância, como era a vontade de Jesus.
Nesta Páscoa, somos mais uma vez desafiados por Jesus Cristo a ressuscitarmos com Ele para uma nova vida. A uma vida a que não estamos habituados, que nos custa, que dá trabalho, porque é preciso transformar muita coisa no nosso coração e na forma como nos entregamos e amamos quem nos rodeia. Mas é este o sentido da ressureição: a conversão do coração!
A Páscoa é a passagem da morte para a vida. Quem não vive, morre lentamente. Mas com Jesus, vivemos sempre.
Peçamos a Deus que nos mostre a vida, em todos os lugares, circunstâncias e pessoas, para que celebremos sempre nos nossos corações a dádiva de Jesus ao mundo.

Amar, por Estrelícia

"Amar...é aceitar-se ser livremente...dependente"...

O primeiro passo para descobrir as maiores das descobertas...
Aquelas que sempre estão por descobrir,
e que no entanto se descobrem a cada momento.

segunda-feira, abril 18, 2005

Luz terna e suave...

Luz terna, suave, no meio da noite,
Leva-me mais longe...
Não tenho aqui morada permanente:
Leva-me mais longe, leva-me mais longe...

Que importa se é tão longe, para mim,
A praia onde tenho de chegar,
Se sobre mim levar constantemente
Poisada a clara luz do Teu olhar?

Nem sempre Te pedi como hoje peço
Para seres a luz que me ilumina;
Mas sei que ao fim terei abrigo e acesso
Na plenitude da Tua luz divina.

Esquece os meus passos mal andados,
Meu desamor perdoa e meu pecado.
Eu sei que vai raiar a madrugada
E não me deixarás abandonado.

Se Tu me dás a mão não terei medo,
Meus passos serão firmes no andar.
Luz terna, suave, leva-me mais longe;
Basta-me um passo para a Ti chegar.

sexta-feira, abril 15, 2005

Obrigado Inês, palavra!!

Ficou por falar
Como um olá, um adeus,
Ou um acenar,
Esquecido, mais por timidez
Do que mesquinhez
Palavras, tempo, coragem,
Não sei o que faltou,
E não sabendo o que procurava
Fui encontrando nesta minha (louca viagem),
Enquanto na minha frente
A imagem dos dois morros, irmãos, se formava.
As pálpebras aproximei
Espremi os neurónios,
Foquei a imagem
E algumas ideias formei
Na minha mente,
Respectivamente.

Tenho pena
De não ter a voz da Bethânia,
A poesia de Cazuza
Que usa e abusa
Da palavra, da maconha, da emoão,
E da mais pequena porcaria
Faz sempre uma grande canção.
Já imaginaram nossas aventuras e feitos
Cantados, e repetidos no refrão?
Da Grécia à Finlândia,
Do Algarve a São Pedro do Sul,
Os avós aos seus netos contarão.

Também poderia ser uma receita,
Nunca foi boa para decorar
As quantidades e os ingredientes,
Mas desta sei tudo e como fazer,
E farei com prazer.
Não entenderam até aqui?
Famos começar de novo?
Eu sou a Inês
E como eu tem mais três,
Mais dois Brunos, dois Zés,
Um Jorge e um Ricardo.
Sim, tem mais
Mas não é difícil fardo,
São elas Mónica, Sara, Carol
Mais a Ana, Susana, Susete
Para terminar o rol.

Livro?
É, podia ser...
Basta sentar, recordar, reviver...
E escrever.
E olhem que se aprendem coisas inéditas!
Que temos maxilar médio,
Que o nosso esófago é bem pequeno,
Os efeitos de comer um waffle em Amsterdão,
E não se ficam por isso não!
Tem política também.
Há comunistas, capitalistas,
Vermelho, laranja.
E como sabem bem
Aquelas deliciosas discussões,
Conversas interessantíssimas,
Para os mais cultos,
Saborosas diversões.
Tudo é tema, tudo é assunto,
Discutidos por pessoas importantíssimas.
Poemas, literatura, pintura...
Que fartura!

Pensei em descrever os sintomas,
Chegar a um médico e dizer,
"Não sei o que fazer
Sinto uma coisa inexplicável,
Localiza-se na região pré-cordial,
Irradia para baixo e para fora",
E acrescentava num tom profissional,
"Acompanha-se de taquicárda
E aumento de pressão"
Mas ficava patético ouvir do doutor
"Se não sente dor
Não há porque ter pavor,
Diagnóstico: paixão
Localiza-se num órgão a que chamamos coração.
Bioquimicamente
Há um aumento da serotonina e adrenalina,
Diminuição da dopamina...
"Não! Pede a minha mente,
Desesperada mente.

Uma homenagem
Seria bem merecida,
Um dedicatória, um discurso
Ou alguma coisa assim parecida.
Mas é um simples declaração de amor.
Entrego-vos, então, a minha alma
Estendida na palma
Da minha mão,
E por favor,
Cuidem do meu coração.

...e em tudo que vejo, estás lá! Posted by Hello

Carrocel

A vida esgota-se nos entretantos,
misturada entre gozos e prantos.
Circo romano, tragédia grega.
Mas o tanto parece que nunca chega!
Miseráveis tolos, soterrados em lamúria,
Condenados pela escravidão da luxúria.

São os gritos mudos da revolta
De uns poucos otários que andam à solta
Que fazem o mundo virar do avesso,
Porque a liberdade não tem preço.
E se otário sou, mais livre fiquei
Porque a merda que fiz ao papel já limpei!

E hoje passo ao lado, de cara lavada,
Por um mundo nojento que já não me diz nada.

Mas o filho da puta continua a girar,
E as cabeças dos tolos a manipular…

Cântico Negro

"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí.

José Régio
Em memória da noite, da pobreza, da esperança, e do Sr. Artur.

Génesis

"No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.
Jo 1, 1